Ao fazer o projeto de uma edificação, diversos fatores devem ser levados em conta para proporcionar conforto e segurança ao cliente tanto na arquitetura quanto na engenharia.
Um dos principais pontos que devem ser observados é o tipo de solo onde se encontra seu terreno. O solo tem uma grande influência na sustentação da estrutura de sua construção, determinando qual tipo de fundação é necessário. Além disso, ao conhecer o tipo de solo e, portanto, sua capacidade de infiltração, pode-se fazer projetos mais eficientes de disposição final de esgoto sanitário e de drenagem de água da chuva.
Há quatro tipos principais de solos: areia, silte, argila e rocha. Os solos arenosos costumam possuir mais espaços vazios entres os grãos, sendo mais deformável (menos resistente) e de mais fácil infiltração. Em solos argilosos, a quantidade de vazios é menor, dificultando a infiltração; a resistência vai depender da quantidade de água: no geral, quanto mais seco, o solo será mais compactado e mais resistente.
O silte é uma mistura de areia e argila, podendo ser constituído mais de uma do que da outra, e suas características são mais parecidas da constituição mais predominante. A rocha é extremamente impermeável e possui a melhor resistência entre os tipos de solos.
Como saber o tipo de solo do meu terreno?
Para determinar o perfil geotécnico do seu terreno, ou seja, as camadas dos tipos de solos e as alturas dessas camadas até uma profundidade determinada e o nível do lençol freático, é necessário fazer um ensaio de sondagem.
Existem vários tipos de ensaios de sondagem e, para determinar o ideal para a situação de sua construção, deve-se levar em conta o tamanho da edificação, a localização do terreno (próximo a mar, rio, montanha) e o solo de regiões vizinhas.
Para residência e pequenos prédios, o ensaio SPT (Standard Penetration Test) é o mais utilizado no Brasil.
Então, o que é o ensaio SPT?
O ensaio consiste em fazer dois ou mais furos no solo através de golpes sucessivos de um martelo com peças de aço cortante (barrilete), conforme NBR 6484/2001. Durante a perfuração, são contados os números de golpe necessários para penetrar uma altura determinada pela norma. Também são retiradas amostras do solo com o barrilete para a caracterização das camadas.
Normalmente, o custo do ensaio leva em conta o número de furos a serem feitos. A quantidade necessária é determinada pela norma NBR 8063/1983, apresentado na tabela a seguir:
Para cada furo, é gerado um perfil de sondagem, com as condições e características do ensaio, a caracterização de solo e os índices de capacidade de penetração do solo NSPT.
O meu vizinho fez um ensaio SPT. Posso utilizar o resultado dele?
Utilizar a caracterização do solo de terrenos vizinhos não é recomendado, principalmente se os lotes são de grande extensão. O solo é extremante variável e lotes com grandes áreas ou terrenos vizinhos podem ter mais de um perfil geotécnico. É por esse motivo, também, que a norma exige pelo menos dois furos em seu terreno, como citado anteriormente.
O que acontece se eu não fizer o ensaio SPT?
Ao não realizar o ensaio, seu projeto será menos eficiente quanto a:
Segurança: a fundação ideal para sua construção é determinada e dimensionada levando em conta o tipo de solo. Ao considerar o solo errado no dimensionamento, pode haver problemas de fissuras na estrutura, além de afundamento, inclinação (Torre de Pisa!) e até desabamento da construção.
Consumo de materiais e alto custo: quando não se sabe o tipo de solo, recomenda-se usar a situação mais desfavorável para o projeto. Isso significa considerar o solo menos resistente no projeto estrutural e o solo menos permeável para projetos de esgotamento sanitário e de drenagem. Essa consideração causa superdimensionamento das estruturas e, portanto, alto consumo de materiais de forma desnecessária, além de tornar a obra mais cara.
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